CELSO LAGO – VOZ ILUMINADA

A notícia veio rápida na noite de sábado em 2014. Estava num barzinho ouvindo a boa música da cantora Débora Tarquínio e do guitarrista Edinho Godoy, ao lado de queridos amigos. De repente, o meu celular toca e do outro lado, o meu caro amigo Ademir Soares, me informa a triste notícia. Tudo parou. O tempo parou por alguns segundos e a emoção logo aflorou. Não queria interromper a segunda entrada dos músicos, mas não houve jeito e a música também parou.
Foi assim que recebi a triste notícia do falecimento do incrível cantor Celso Lago, uma figura doce, leve, que sempre carregava no rosto um sorriso meigo e cativante.

É impossível não registrar que ele era uma figura muito querida por todos e uma das pessoas mais simples e generosas que conheci.
Imediatamente comecei a lembrar das minhas passagens musicais com ele. Ao lado do próprio Ademir Soares, tinha um projeto de gravar o primeiro CD dele, que na época, ainda não havia acontecido. E achava estranho que um cantor daquele nível, ainda não tivesse um registro próprio. Não conseguimos realizar o projeto, pois sempre uma coisa ou outra desviava o caminho.

Depois, me lembrei dos projetos no restaurante do WTC no centro, com “jam sessions” nas noites de quarta e depois uma temporada de 3 meses no restaurante Catalina. Sem falar no show memorável do Projeto Jazz, Bossa & Blues, que reuniu ele, o pianista, compositor, arranjador e maestro Gilson Peranzzetta e a cantora Nadja Soares no Teatro do Sesc. Lembranças inesquecíveis.

Viemos a nos encontrar também na saudosa e marcante Rádio Litoral FM – 91,9 Mhz., quando ele assumiu por algum tempo a programação musical da rádio, sempre com muita competência e estilo apurado.
E a última vez que estive com ele, foi no casamento da minha sobrinha Rafaella Laranja que ao lado do marido Fábio, ganhou como grande presente, a emocionante interpretação do tema “Sorriso de Luz”, composição iluminada de Gilson Peranzzetta e Nelson Wellington, que na sua voz ganhou para mim, a versão definitiva. E olha que a primeira versão desta música foi interpretada simplesmente por Djavan.

A versão de Celso Lago é absurda e eterna. Esta música embalou as histórias de amor de muitos casais apaixonados.
Celso Lago, obrigado por tudo e por nos deixar como grande marca a sua alma e voz iluminadas. Um beijo no seu coração gigante.


Blue Note “A History Of Modern Jazz”

O selo Blue Note é um dos mais importantes da história do Jazz. Três grandes motivos: primeiro, por reunir no seu time alguns dos melhores músicos de Jazz de todos os tempos, principalmente nas décadas de 40, 50 e 60. Em segundo lugar, por marcar seus grandes lançamentos com capas muito originais, consideradas verdadeiras obras de arte e que viraram símbolos do design gráfico. Suas capas fizeram história no mundo da música, assim como aqui no Brasil a gravadora Elenco fez com as capas da Bossa Nova. E em terceiro, por ser sinônimo de qualidade sonora. As grandes gravações do selo foram assinadas pelo engenheiro de som Rudy Van Gelder (RVG), considerado um gênio no assunto.

No ano de 1997, ganhou um documentário de respeito dirigido por Julian Benedikt, especialista em filmes sobre Jazz e que relembrou as histórias mais marcantes da gravadora de Nova York, fundada em 1939 por Alfred Lion e Francis Wolff.

E é obvio que a trilha sonora do documentário não poderia deixar de ser especial. Dezesseis temas foram reunidos num CD duplo, também lançado no ano de 1997.
Os temas “Weirdo” com o trompetista Miles Davis, “Skippy” com o pianista Thelonious Monk, o clássico “Canteloupe Island” com o pianista Herbie Hancock, “Blue Train” com o saxofonista John Coltrane e “Gee Baby, Ain`t I Good To You” com guitarrista Kenny Burrell são alguns dos temas e grandes artistas que destaco.

Por lá passaram também o saxofonista Dexter Gordon, o organista Jimmy Smith, o saxofonista Joe Lovano, a cantora Cassandra Wilson entre tantos outros nomes de importância.
A gravadora Blue Note é sinônimo de vanguarda, novos experimentos e extrema qualidade musical. Uma verdadeira grife do Jazz.

 


Eumir Deodato – “Inútil Paisagem”

Em plena época da ditadura no país, no ano de 1964, o pianista, arranjador e orquestrador Eumir Deodato, na época um garoto de apenas 21 anos de idade, lançou esta preciosidade com 12 temas e que, segundo ele, eram as maiores composições do nosso eterno maestro Tom Jobim.

O próprio Jobim na contracapa testemunhou: “Eumir Deodato não é só o perfeito engenheiro de pontes que todo arranjador deve ser, mas também o criador e o poeta que todo arranjador tem de ser. E o piano de Eumir? Excelente! Impecável! Oportuno!”. Palavras de quem sabe das coisas.

O disco originalmente foi lançado pelo selo Forma, produzido por Roberto Quartin, e ganhou uma versão em CD no ano de 1999, pelo selo Universal Music e contou com uma orquestra de cordas e as participações de Oscar Castro Neves no violão, JT Meirelles no sax tenor e flauta, Paulo Moura no sax alto, Copinha na flauta, Roberto Menescal no violão, Edson Maciel no trombone, Juquinha na bateria e Luis Marinho no contrabaixo entre outros músicos.

Meus destaques ficam para “Insensatez”, “Corcovado”, “Ela é Carioca”, “Garota de Ipanema”, “Vivo Sonhando” e “Samba do Avião” e a faixa título “Inútil Paisagem”.
Um disco raro e único, que traz o melhor da Bossa Nova para os nossos ouvidos e corações, deste brasileiro que está radicado nos Estados Unidos desde 1967, graças ao incentivo do violonista Luiz Bonfá.

 

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